#Emergênciasclimáticas
Nesta quarta (05), o Harmonia ‘s Talk Show realizou sua terceira edição em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. O evento contou com a presença de três ilustres convidados que abordaram temas cruciais para a conservação dos recursos naturais.
A professora de Educação Ambiental no Colégio Harmonia, Luana Capellari, comandou o bate-papo.
Flávio Nakaoka, Diretor do Saesa (Sistemas de Águas e Esgoto e Saneamento Ambiental de São Caetano do Sul) e especialista em gestão de resíduos, falou sobre o poder da reciclagem na preservação do meio ambiente. Ele destacou como a reciclagem pode reduzir significativamente a quantidade de lixo que vai para os aterros sanitários.
“Em média, cada brasileiro gera em torno de 1 quilo de resíduo por dia e esse lixo vai para os aterros. Esse aterro tem uma vida útil em torno de 25 anos, só depois pode virar parque. Não pode construir escola, não pode nem fazer cemitério. Se você fizer uma projeção disso, vai chegar um tempo que vai faltar terra para plantar. A questão ambiental perpassa a questão da saúde. É uma questão da sobrevivência”, ressaltou Flávio.
Ele também sugeriu a leitura do livro “O Contágio”, que explora as origens das pandemias e destaca a relação entre a degradação ambiental e o surgimento de novas doenças.
Flávio é um dos maiores incentivadores de separar corretamente os resíduos e apoiar políticas que incentivem a reciclagem, tanto que criou por conta própria os coletores feitos de resíduos de plástico como galão de água vencido para dar um destino correto de esmaltes, sapatos, canetinhas, pilhas etc.
“Os PEVs (Ponto de Entrega Voluntária) estão nas lojas, academias e igrejas à disposição para fazer o descarte correto. Não adianta lá na ONU, na ponte da pirâmide, falar em redução de CO2 e gás carbônico, se na base, o consumidor não saber fazer o descarte correto”.
Marcus Leap, que fundou o Departamento de Fauna e Bem-Estar Animal de Ribeirão Pires e está indo pela terceira vez ao Rio Grande do Sul para atuar no resgate e cuidado dos animais, trouxe uma perspectiva sobre a importância da proteção dos animais, principalmente os silvestres.
“A Serra do Mar, infelizmente, ainda está sendo fragmentada por conta do avanço urbano e instituir o Departamento foi super importante para elaborarmos políticas públicas voltadas para as questões ambientais nas escolas públicas e privadas de Ribeirão Pires. Quando a gente criou o departamento, pensamos em fazer um trabalho de fiscalização, resgate, reabilitação e destinação de animais silvestres e fiscalização de maus tratos de animais domésticos. Tem muita gente ainda que acha que é normal deixar um animal acorrentado durante 16 anos da vida. Fazer esse tipo de abordagem, principalmente para as crianças que têm esse impulso de querer ter um animal de estimação em casa, é super importante para estimular nas crianças essa responsabilidade que ela precisa ter ao longo desses anos que o animal vai viver”.
“Lidamos com resgaste diários de serpentes, principalmente jararacas, corais e cobra cipó, saruês e ouriço-cacheiro. Em Ribeirão, é muito comum encontrar esses animais em casa e antes eles eram mortos, infelizmente. Hoje, a orientação é para acionar o departamento ambiental e, dependendo da espécie, a gente dá um atendimento de emergência, como o caso da jararaca que oferece risco às pessoas. O índice de mortalidade desses animais reduziu bastante, mas com o avanço urbano desenfreado, o que antes era a moradia desses animais, hoje eles não têm mais onde se abrigar”.
Sobre o Rio Grande do Sul, Marcus disse que “Foi um trabalho de bastante sofrimento. Não tinha agentes de segurança pública, prefeitura, nada! A organização foi feita por voluntários do Brasil inteiro, muita gente de São Paulo, Piauí, Rio de Janeiro e Minas Gerais. São mais de 20 mil animais. É muito bicho para cuidar”.
João Viana é estudante de Ciências Sociais na USP, estrategista de comunicação política, 1° suplente de vereador em São Bernardo do Campo e ativista das cidades sustentáveis. Ele respondeu questões sobre como os cidadãos podem contribuir para a sustentabilidade urbana em suas próprias comunidades e incentivou a participação ativa de todos na construção de um futuro mais verde.
“Para a gente discutir um planejamento das cidades tem que começar por esses elefantes brancos. O que São Bernardo está fazendo para melhorar a enchente que terá no início do próximo ano? Estamos em junho, ainda dá tempo para fazer alguma coisa. Vamos lamentar depois que acontecer?
No Rio Grande do Sul foi um conjunto de fatores extraordinários, mas também relacionado ao planejamento urbano das cidades. Como as cidades afetadas estão localizadas em bacias hidrográficas muito fortes, uma área pluvial muito grande, que quando acontece efeitos climáticos, as cidades não aguentam. E não é novidade! Se vocês começarem a ter um olhar crítico sobre a vida e sobre o mundo, vocês começam a enxergar o que são esses elefantes brancos lançados que muitas vezes nossos pais não viram, nossos avôs não viram e ninguém do nosso entorno viu, porque as pessoas em geral não são insultadas a terem esse olhar crítico”, concluiu João.