No último sábado, 14/01, aconteceu o II Encontro de Ex-harmonienses da Casa de Estudantes Harmonia.
O evento contou com a participação da diretoria atual da Associação Harmonia de Educação e Cultura e centenas de ex-moradores da Casa, de diferentes épocas. Entre eles, estava o presidente honorário da Associação, Tadayosi Wada.
Aos 90 anos, Wada fez parte da primeira turma que morou na Casa, em 1953.
“É uma grande satisfação ver todos retornando na Casa Harmonia. Tenho participado de toda a evolução da Associação e gostaria de solicitar a todos que mantenham o grupo unido e forte para manter a Associação Harmonia sempre como uma das vanguardas da comunidade nipo-brasileira aqui no Brasil”, disse Wada.
Silvio Tanaka, que morou na Casa durante um ano, de 1975 a 1976, fez questão de relembrar os fundadores da Associação.
“Essa Casa é fruto de várias reuniões realizadas na Associação Rikkokai do Brasil em meados da década de 40”.
O grupo de fundadores, formado por Esaku Ihara, Hideto Futatsugui, Rokuro Hama, Shinichiro Murakami, Shimpei Mori, Shunji Nishimura, Shungoro Wako, Tunezo Sato e Yutaka Nogami, discutiu a melhor maneira de contribuir para o desenvolvimento educacional e cultural os jovens nipo-brasileiros que buscavam mudar-se do interior para a capital de São Paulo.
Neta de um dos fundadores, Agnes Tamaki, confeccionou 850 tsurus para decorar o evento. Ela morou na Casa e, hoje, o neto, Rafael Hideki, estuda no Colégio Harmonia.
“É emocionante! É muito bom recordar, eu morei quase cinco anos na Casa, de março de 1970 a janeiro de 1975”.
De família de agricultores, Agnes lembra com orgulho os esforços do avô, Shungoro Wako, em prol da colônia japonesa.
“Na época, ele viajava muito para arrecadar fundos. Ele pensava mais na comunidade do que na própria família. Hoje em dia as pessoas não têm esse pensamento de ajudar, de melhorar, infelizmente”.
“Quero parabenizar a todos pela realização desse encontro. Eu morei durante três anos na Casa e o que eu vivi aqui, o que eu aprendi aqui, eu trago até hoje na minha vida. Esse é o nosso verdadeiro patrimônio e isso não tem preço. Quem aqui que não tropeçou, não caiu, não enfrentou dificuldades? Todos nós. E como é que nós enfrentamos? Eu como professor, vejo uma necessidade muito grande de transmitir esses valores para gerações futuras. Nós precisamos insistir em conversar com os jovens cara a cara, pessoalmente, não por meio de acessórios e equipamentos. A humanidade só vai para frente através da humanidade”, ressaltou Willian Kaku, que hoje é professor de direito internacional e direito ambiental nacional e internacional na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
“Fico muito feliz que o projeto continua vivo e mais feliz ainda por ser um projeto educacional”, afirmou Julia Tani, que morou na Casa entre 1982 a 1984.
Após a confraternização, a turma fez um tour para conhecer as instalações do Colégio Harmonia e o museu, que preserva memórias do quarto dos estudantes da época.