Pensar em narrativas visuais do Japão é sempre um convite para que visualizemos as paisagens harmoniosas e tranquilas dos artistas do sumi-ê, com suas obras formadas por pinceladas suaves que, com muita síntese e elegância, exploram as formas delicadas de bambus, pássaros, rios, carpas e montanhas. No Brasil, os artistas do cordel têm em comum com os artistas japoneses, o uso do branco e preto, também em paisagens. Porém, estas últimas são marcadas pela descrição de plantas secas, de cactos e das terras castigadas do Sertão.
Os alunos do Fundamental 1 do Colégio Harmonia, recorreram às narrativas visuais do cordel literário em contos clássicos como do “Lobisomem” e da “Asa Branca” para fazerem a transposição de imagens por meio de matrizes xilográficas (gravura em madeira). Deste modo, experimentaram vários processos de impressão manual com matrizes inversas no desenho. Além disso, acrescentaram à “Asa Branca” suas próprias referências visuais. Tais procedimentos processuais resultaram em trabalhos semelhantes pelo uso de matrizes comuns a todos e, ao mesmo tempo, únicos e personalizados, porque cada criança pôde fazer uso de um imaginário próprio que objetivou a continuidade da narrativa inicial.
A “Asa Branca” da qual geralmente nos lembramos é a da música emblemática escrita, na década de 1970, por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A que foi reescrita em nossa escola, nessa nova empreitada artística semanal, trouxe uma versão renovada pelo fervor das crianças que fizeram prova de que a esperança e a perseverança estão presentes em seus corações.