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Desafio em busca do xeque-mate

O xadrez faz parte do cotidiano da família de Lohan Yoshio Dijan Okamoto, 9 anos. Ele via os pais jogando e pediu para a irmã mais velha lhe ensinar. Atualmente, o avô materno tem sido um de seus principais adversários no tabuleiro. “A parte mais legal é quando eu ganho e a mais chata é quando perco. Mas uma parte interessante é quando você faz um xeque-mate (movimento que coloca o Rei em posição na qual não consegue fugir de ser atacado) no momento em que o outro não está esperando”, comenta o menino.

O esporte mexe com estratégias, deslocamentos certos dentro dos quadrados, disputas acirradas e, claro, com a atenção do público há milhares de anos (veja mais ao lado). As crianças aproveitam o contato inicial para explorar a modalidade ao máximo. “Vejo que cada peça tem um ponto, se mexe diferente e os problemas que aparecem contra quem você joga. É um jogo de muita inteligência”, comenta o morador de São Caetano.

Ele faz parte de grupo de alunos do Colégio Harmonia, de São Bernardo, que conta com aulas específicas na grade curricular ao longo do Ensino Fundamental. Em tempos de pandemia, o aprendizado passou a ser feito pela internet. “No começo, eu gostei mais ou menos. Não me empolgou muito, gostava mais de brincar no recreio. Hoje, aproveito bem mais e jogo com amigos e amigas, meu avô, meu pai”, conta Leo Kazumi Tanaka, 10. “As aulas estão sendo on-line e são bem divertidas e interessantes. Praticamos no Lichess (site onde de pode jogar de maneira gratuita) e vou aprendendo.”

Gabriella Lumi Yuki, 8, explica que o professor ajuda a compreender melhor detalhes do esporte. Entre a lista está as pontuações de cada peça, a quantidade de casas do tabuleiro, estratégias básicas, a movimentação específica – o cavalo faz ações em formato de ‘L’, a torre segue na vertical ou horizontal e o bispo pode ter caminho somente na diagonal, por exemplo – e a importância de saber ganhar e perder. “O xadrez ajuda na atenção e na paciência para saber o que fazer com as peças. Faz muito bem para a cabeça.”

Os três acreditam que o esforço e atenção necessários para disputar partidas acaba por deixar os praticantes mais espertos com o passar do tempo. “Meu pai falou que quanto mais alternativas no jogo para dar o xeque-mate eu tiver, maior será a probabilidade de eu ganhar. Então é um jogo de muito raciocínio e precisa ter concentração”, diz Tanaka. A inteligência acaba por ser a principal arma dentro do xadrez e pode ser levada para toda a vida.

Esporte pode desenvolver o intelecto

A prática do xadrez vai além da diversão em torno de um jogo. Os conhecimentos trabalhados em meio às partidas são capazes de trazer benefícios intelectuais para quem aceita aprender.

Entre jogadores com idade entre 6 e 12 anos, o xadrez ajuda no desenvolvimento do cérebro, uma vez que as regras e ações auxiliam na melhora da concentração, raciocínio lógico, memória, criatividade e planejamento (incluindo estratégia e execução), além da antecipação. Também é capaz de melhorar a parte comportamental, com socialização com outras pessoas, disciplina e paciência estando no pacote, assim como a maturidade na tomada de decisões.

Não existe idade mínima nem máxima para começar a mover as peças. Há quem acredite que se trata do esporte mais inclusivo do mundo, no qual participantes de qualquer idade, gênero, nível técnico, condição física e localidade podem jogar juntos. A recomendação de especialistas é de que os primeiros passos sejam por meio de sessões leves, com o treinamento contínuo elevando as habilidades aos poucos com o passar do tempo.

Quem se destaca e apresenta resultados diferenciado pode explorar o xadrez competitivo, destinado ao melhor desempenho técnico e performance na busca da vitória em torneios de diferentes tipos e níveis. Esta abordagem avançada passa por estratégias avançadas, criação de repertório de ataque e defesa e análise dos adversários.

Jogo milenar passou por mudanças até versão atual

O xadrez é um jogo milenar, ou seja, surgiu há milhares de anos. Não se sabe ao certo sobre sua origem, mas a hipóteses mais aceita diz que o jogo surgiu na Índia, no século 6, com o nome de shaturanga, que significa algo como ‘os quatro elementos de um exército’. Sua popularidade se provou ao longo do tempo, seja como divertido passatempo ou com competições.

Entre as várias mudanças que fizeram parte da evolução da modalidade, seu formato atual foi estabelecido na segunda metade do século 15, no Sudoeste da Europa. Acaba por ser uma forma mais ‘moderna’ depois do surgimento nas culturas persa e indiana.

Dentre as curiosidades que envolvem a história do esporte de mesa, está a do austríaco Wilhelm Steinitz (1836-1900), um grande enxadrista do século 19, que foi internado em um asilo para doentes mentais. Ele chegou a dizer que tinha duelado – e vencido – Deus em uma partida.

Também há versões virtuais. Os primeiros programas de computador do tipo surgiram nos anos 1950. Disputas on-line podem ajudar a aperfeiçoar técnicas, mas há quem diga que jogar no tabuleiro é mais divertido.

 

Fonte: Diário do Grande ABC
https://www.dgabc.com.br/Noticia/3637522/desafio-em-busca-do-xeque-mate

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